segunda-feira, 25 de março de 2013

ai ai, eu

Acho que de uns tempos pra cá, virei adepta do tal “vou-me emborismo” de Bandeira.Essa minha melancolia se tornou perene.
O que eu preciso é que e alguém entre em mim, me pegue pela mão e me ajude a caminhar por entre minhas impressões.
Pois bem, esse alguém já o fez (aliás, ainda o faz), mas eu não sei disso, esse terreno está além de mim, eu não sou dona de mim a tal ponto.
Eu sou tão grande que não cabo dentro de mim, então esse outro eu (que pode vir a ser “tu”, “ele” ou “eles”) me guia pela margem de mim mesma.
Eu já devia ter me acostumado a viver entre essa euforia felliniana e essa amargura bergmaniana há muito tempo.
Vivo entre esses dois distintos estados de espíritos constantemente, embora eu não saiba. Meu outro eu sabe.
Ora disfarço minha amargura com esse oba-obismo, ora faço parada parada militar de meus desenganos.
Eu sou muito utópica em relação ao amor, embora eu não saiba. Nas minhas paradas militares, eu me mascaro, e vivo um baile de carnaval. Mas e quando chega a quarta-feira? Não sei com quem farreei. E aí? Aí é que entra o tal vou-me emborismo.
Não tenho menor pudor em repetir minhas metáforas, embora eu não saiba disso. Meu outro eu sabe.
Eu queria ser mais racional. Queria ser um teorema de Pitágoras. Mas não sou eu quem manda na minha idiossincrasia. Quem sabe, todos esses outros “eus” sejam padrinhos dela.
Aí é que está a bagunça, meus outros eus não me despertam desse torpor em que vivo. Então eles me titerizam. Mas eu não sei nada disso.
Quando eu tomar conta de mim mesma, que choque será!
Descobrir tudo que sou sem o saber.
Mas eu recosto, frívola, as maçãs de meu rosto nas palmas de minhas mãos, apoiando os cotovelos em cima da mesa, apreciando a noite, abatida, sem saber o porquê de nada.
Eu queria que fosse sábado, mas eu nem sei disso. Vinícius sabe porque. Ele é ou pode vir a ser um de meus eus.
“Ai, bem melhor seria poder viver em paz, sem ter que sofrer, sem ter que chorar, sem ter que querer, sem ter que se dar...”
Se eu fosse amiga de rei, iria me embora, Juro que ia.
Eu sofro de um caso crônico de nostalgia, e disso tenho plena consciência. Saudade das alpercatinhas e dos macacões dos meninos. Eu tenho saudade disso. Será que tenho? Ou será isso uma peça pregada por um eu meu?
Acho que a distração é uma de minhas maiores inimigas. Meus eus devem me chamar:” Nathane! Nathane!”, e eu nem percebo.
As vezes é a preguiça de viver, ou medo das consequencias dolorosas que o viver possa me causar.


Quero gritar, quero me despir, quero matar, quero sentir o que haver de se sentir, quero chorar; Mas a porra toda é: Eu não sei disso, meus outros eus é que sabem.
Será que eu tenho uma Persona? Será que eu vou saber quando ela cair? Como vou me apresentar de cara nua frente a meus eus, tus, eles?
Preciso ser regida. Mas não por algum pedantezinho interesseiro, e sim por aquele que vai me esbofetear estreptosamente, que me humilhará pro meu próprio bem. Careço de ser maltratada. Em todos os sentidos. Quem não carece? Ai daquele que o carece sem o saber!
Mas, no fundo da minha ignorância enciclopédica, sou feliz. Brinco de ser triste, mas sou feliz, porque sei que tenho aqueles que, quando eu desatino, me levam pra sua casa, me dão banho, roupa e comida.
Benditos sejam os bons samaritanos, assim na terra como no céu!
Mas, quem disse que eu sei disso?

domingo, 24 de março de 2013

Como preparar um tang(o)

Para essa receita é necessário ter um par, MAS como já é tarde ela pode ser preparada com pitadas de imaginação (pode exagerar).

Ingredientes:

1 colher grande de Libertango do Piazzola
2 xícaras de corante vermelho
1/2 xícara de disposição
1 porção pequena de elasticidade
1 litros d'água
quantas colheres achar necessário de amor para o recheio

Modo de preparo:

Primeiro coloque a colher de Libertango (não esquece de por para repetir). Em seguida ponha a elasticidade, disposição e amor em seu corpo. Dê três reboladinhas no sentido da Terra e uma no sentido contrário. Depois jogue as xícaras de corante vermelho na roupa e somente no fim da música use o litro d'água. Não é necessário acrescentar açúcar. Tang(o) já vem adoçado.