quinta-feira, 17 de outubro de 2013

quinta, o dia que eu não te abracei.

Cada vez mais minha coluna enverga e cada vez menos meu peito incha.
O mundo e seu sistema me deixam fraca, a falta de amor me deixa fraca, a falta de sucesso, de ouvidos, de cuidado, a falta me deixa fraca.
Nao sinto cheiro de morte, mas também não sinto cheiro de nada.
A tua falta foi plantada e semeada dentro de mim, eu me infectei com a tua falta e isso parece ser irreversível. Já sinto há tanto tempo a tua falta , que sorrindo sofro sentindo saudades tuas.
Mas não é só isso, não que seja só isso, é mais, é mundo, é fundo, baby to rasa! Arrasada! Me salva? Alguém salva?

Ninguém
Quer
Salvar
Ninguém
Nem eu, imagina eu.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

eu rio na cara do medo

tenho medo de engolir chiclete e ele grudar minhas tripas; de comer manga e depois tomar leite; tenho medo de AIDS; e que depois da 4º série eu nunca mais receba um bilhete;
tenho medo da depressão; de ilusão; de perder a cabeça e nunca mais achar; ah, medo também de nunca aprender a nadar;
um medo de nunca saber falar inglês e conseguir cantar minhas músicas preferidas; tenho medo do câncer; de áries e do ariano; medo de perder um capricorniano-aquariano;
medo de ter sempre que rimar; de quebrar regras e me ferrar; medo da abolição dos sentimentos banais; medo que eu nunca me sinta capaz;
tenho medo do Estado, da polícia e do ladrão; do meu espírito de porco; medo que eu nunca consiga fazer uma canção;
tenho medo que esse clima escroto nunca me permita usar minha jaqueta de couro vermelho por aqui; tanto, mas tanto medo de ter que desistir; medo de voltar pra casa sozinha (ah, isso eu faço todo dia! MAS TENHO MEDO);
acho que o que tenho mais medo é do amor platônico; de perder a melhor parte do filme quando meus olhos precisarem piscar; tenho medo PAVOR do cartão de crédito não passar depois de eu ter comido tudo;
tenho medo do estupro; da repressão; não tenho muito medo do abandono, mas morreria de solidão; medo que acabe forever and ever a água, o ketchup e a minha paixão;
medo da minha discrepância displicência quiproquó alegro ma no tropo; medo da minha idiossincrasia frivolidade estrepitosidade; medo de sempre depender de um dicionário para parecer mais interessante;
tenho medo do teatro,aaah desse eu tenho pavor; medo de banheiro escuro; medo dos meus desejos; de fim de namoro fim de abraço e fim de beijo (acho que esses são os piores) ;

segunda-feira, 27 de maio de 2013

valsa da dor



Tinham três kombis brancas paradas em frente a minha casa, um saco de pipoca com um resto de pipoca dentro da bolsa para evitar sujeiras urbanas e um desespero enorme classificando um medo de não ter que te encontrar morto em um caixão exposto no azulejo da minha sala.

Embora visivelmente não estivesses ali eu sentia cada vez que precisava limpar os pés, que tu estavas em meu tapete parado, morto, esperando não sei o que para ir embora da minha vida.

E todas as vezes que tu tentavas falar comigo, tu conseguias.

Sempre que eu te chamava,tu fingias que não ouvia.

Cínico, como uma sessão das 10 que espera a melhor parte do filme para causar sensações urinárias emergências.

Louco e sozinho, como o tempo que passou que demorou tanto tempo para passar que ninguém nem se importa que ele passou.

Aquela angústia naquele dia me deixou desesperadamente pronta para tirar o luto e seguir em frente, sabe deus pra onde, sabe deus porquê.

Mas eu queria,clamava,precisava te tirar de mim. Agora já era questão de orgulho e quando chega nessa parte tu sabes que eu não meço esforços para esquecer.

Naquele dia as três kombis fiscalizavam minha morada por,segundo eles, desrespeito vulgar, falta de paciência e discrepância com o tal de tempo.

Tava fudida e você ali, deitado em caixão confortável esperando para ser levado par a um lugar bem melhor do que qual eu estava.

Um dia eu te mato de verdade, filho da puta!


*imagem Diana Arbus

segunda-feira, 25 de março de 2013

ai ai, eu

Acho que de uns tempos pra cá, virei adepta do tal “vou-me emborismo” de Bandeira.Essa minha melancolia se tornou perene.
O que eu preciso é que e alguém entre em mim, me pegue pela mão e me ajude a caminhar por entre minhas impressões.
Pois bem, esse alguém já o fez (aliás, ainda o faz), mas eu não sei disso, esse terreno está além de mim, eu não sou dona de mim a tal ponto.
Eu sou tão grande que não cabo dentro de mim, então esse outro eu (que pode vir a ser “tu”, “ele” ou “eles”) me guia pela margem de mim mesma.
Eu já devia ter me acostumado a viver entre essa euforia felliniana e essa amargura bergmaniana há muito tempo.
Vivo entre esses dois distintos estados de espíritos constantemente, embora eu não saiba. Meu outro eu sabe.
Ora disfarço minha amargura com esse oba-obismo, ora faço parada parada militar de meus desenganos.
Eu sou muito utópica em relação ao amor, embora eu não saiba. Nas minhas paradas militares, eu me mascaro, e vivo um baile de carnaval. Mas e quando chega a quarta-feira? Não sei com quem farreei. E aí? Aí é que entra o tal vou-me emborismo.
Não tenho menor pudor em repetir minhas metáforas, embora eu não saiba disso. Meu outro eu sabe.
Eu queria ser mais racional. Queria ser um teorema de Pitágoras. Mas não sou eu quem manda na minha idiossincrasia. Quem sabe, todos esses outros “eus” sejam padrinhos dela.
Aí é que está a bagunça, meus outros eus não me despertam desse torpor em que vivo. Então eles me titerizam. Mas eu não sei nada disso.
Quando eu tomar conta de mim mesma, que choque será!
Descobrir tudo que sou sem o saber.
Mas eu recosto, frívola, as maçãs de meu rosto nas palmas de minhas mãos, apoiando os cotovelos em cima da mesa, apreciando a noite, abatida, sem saber o porquê de nada.
Eu queria que fosse sábado, mas eu nem sei disso. Vinícius sabe porque. Ele é ou pode vir a ser um de meus eus.
“Ai, bem melhor seria poder viver em paz, sem ter que sofrer, sem ter que chorar, sem ter que querer, sem ter que se dar...”
Se eu fosse amiga de rei, iria me embora, Juro que ia.
Eu sofro de um caso crônico de nostalgia, e disso tenho plena consciência. Saudade das alpercatinhas e dos macacões dos meninos. Eu tenho saudade disso. Será que tenho? Ou será isso uma peça pregada por um eu meu?
Acho que a distração é uma de minhas maiores inimigas. Meus eus devem me chamar:” Nathane! Nathane!”, e eu nem percebo.
As vezes é a preguiça de viver, ou medo das consequencias dolorosas que o viver possa me causar.


Quero gritar, quero me despir, quero matar, quero sentir o que haver de se sentir, quero chorar; Mas a porra toda é: Eu não sei disso, meus outros eus é que sabem.
Será que eu tenho uma Persona? Será que eu vou saber quando ela cair? Como vou me apresentar de cara nua frente a meus eus, tus, eles?
Preciso ser regida. Mas não por algum pedantezinho interesseiro, e sim por aquele que vai me esbofetear estreptosamente, que me humilhará pro meu próprio bem. Careço de ser maltratada. Em todos os sentidos. Quem não carece? Ai daquele que o carece sem o saber!
Mas, no fundo da minha ignorância enciclopédica, sou feliz. Brinco de ser triste, mas sou feliz, porque sei que tenho aqueles que, quando eu desatino, me levam pra sua casa, me dão banho, roupa e comida.
Benditos sejam os bons samaritanos, assim na terra como no céu!
Mas, quem disse que eu sei disso?

domingo, 24 de março de 2013

Como preparar um tang(o)

Para essa receita é necessário ter um par, MAS como já é tarde ela pode ser preparada com pitadas de imaginação (pode exagerar).

Ingredientes:

1 colher grande de Libertango do Piazzola
2 xícaras de corante vermelho
1/2 xícara de disposição
1 porção pequena de elasticidade
1 litros d'água
quantas colheres achar necessário de amor para o recheio

Modo de preparo:

Primeiro coloque a colher de Libertango (não esquece de por para repetir). Em seguida ponha a elasticidade, disposição e amor em seu corpo. Dê três reboladinhas no sentido da Terra e uma no sentido contrário. Depois jogue as xícaras de corante vermelho na roupa e somente no fim da música use o litro d'água. Não é necessário acrescentar açúcar. Tang(o) já vem adoçado.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Assintonia



Falta-me tristeza.
Instrumento mobilizador
Dos meus escritos.
Não há tragédia
À vista.
Nem lembranças
De tragédias passadas.
Nem dores no presente.
Lamentavelmente
Tudo anda bem.
Por isso
Andam mal
Os meus escritos

[Michel Temer]

domingo, 6 de janeiro de 2013

como ser maduro sem deixar de querer muito:

Oi, querida!

Não quero bagunçar sua cabeça, se o fiz. Como eu te disse ontem acho que foi o processo todo que de certa forma
- ou da forma certa - me comoveu. Por que em grande parte o risco do jogo é entrar no jogo. E onde tem perigo tem medo.
Podem se suceder uma série de conversas chatas com muitas pessoas, ou uma só. Mais chata que todas as outras( in my humble opinion).

Eu entrei nessa brincadeira, exatamente como vc esperava me encontrar ( 'maduramente' desapegado ), aconteceu que você querendo sem
querer - nem sempre nessa ordem - me cativou fodidamente. O que por si é uma coisa maravilhosa, eu estava precisando me sentir capaz
de ser cativado por alguém. Mesmo assim, isso não te obriga a absolutamente nada em relação a mim, é uma das coisas que tenho que te
dizer como pessoa emocionalmente madura. A outra é que eu sei que nós podemos ter uma coisa legal juntos, por motivos que eu não vou
enumerar tanto por achar que não é necessário quanto para não jogar essas palavras nos torvelinhos da tua crisação, if that is.

Eu não tenho como dizer que vou casar com você ou coisa que o valha, nem quero falar isso uma hora dessas. Mas o que acontece é que o
meu medo, que me faz chamar o Amor da droga mais pesada de todas é que assim como o LSD ele não deixa o seu corpo. Quando alguém
descobre-se amando outra pessoa, quando estrelas explodem em supernovas nos seus estômagos -eu amo dizer-, a relação acaba e isso
fica. Existindo em um nível parecido com o de um braço amputado. Vc sabe disso, eu não preciso dizer. É como eu disse na metafora do
marinheiro que vê o pontinho preto do outro lado do oceano, ele pode deixar o vento ou virar a cana do leme, ele não é amigo do mar,
mas o ama e vive nele.

Um beijo,

hoje você é quem manda.

deixou de ser poeta para tentar aprender a amar. fazer as duas coisas parecia impossível.